Boas vindas à todos!

Esta é a iniciativa de três professores de Psicologia (e cinéfilos), que passavam horas no whatsapp comentando inúmeros filmes, indicando novas (ou velhas) obras cinematográficas. Buscamos com este blog compartilhar com todos os interessados nossas indicações e opiniões, claro que bastante recheadas de visões psicológicas!


Caso se interesse pelo filme que indicamos, recomendamos que você assista o filme e retorne ao nosso texto, se possível comentando, concordando ou não com nossas opiniões, e claro dando as suas próprias!


Você é bem-vindo a participar com a gente!

domingo, 1 de março de 2015

Robô: quando o homem busca criar a si mesmo



Ficção científica nem sempre é um gênero adorado. E quem gosta, nem sempre vê o filme pensando nas questões que ele levanta. Ficamos em êxtase com os maravilhosos efeitos especiais, e imaginamos como será nosso futuro. Mas ao Psicólogo, há aí muito também o que se pensar.

Uma das grandes perguntas que esses filmes levantam é: o que é o ser humano? É um corpo que pensa, raciocina? Se for assim, cada dia mais o homem está próximo de recriar aquilo que é, através da inteligência artificial. AlanTuring, cientista famoso e agora relembrado no filme "O jogo da imitação" (2014), criou um teste utilizado até hoje, que leva o mesmo nome do filme, e é utilizado para se avaliar o quanto um programa de inteligência artificial consegue se aproximar do raciocínio humano. O teste é o seguinte: um ser humano interage com o programa, através de uma série de questões, sem saber se está realmente questionando um homem ou uma máquina. Quanto mais tempo o homem ficar sem conseguir identificar a máquina, mais avançada é a inteligência artificial dela.

Entretanto, é somente a inteligência, a razão, que define o homem? Há filmes que questionam isso. Um grande escritor de ficção científica, Isaac Asimov, questionou sobre isso, em obras que inspiraram filmes que vocês já devem ter visto: 



Em "O homem bicentenário" (1999), Robin Willians é Andrew Martin, um robô com defeito. Isso mesmo, ele não é igual a nenhum robô fabricado, e seu defeito é justamente o que o faz questionar sobre si mesmo, sobre sua existência e mesmo sobre sua "humanidade". A jornada de Andrew é a de se tornar cada vez mais humanos, e ele faz constantes upgrades, modifica seu corpo, até que chega a única característica humana que ele não poderia concretizar: a morte. 

Seria a possibilidade da morte, como afirmam os existencialistas (e como vemos nas psicoterapias fenomenológicas e daseinanalíticas) aquilo que nos define? Eu acho, antes de tudo, que Andrew era como um transexual, que nasce em um corpo que não corresponde a sua mente, e batalha para mudá-lo. Ele nasceu com uma "mente humana", já era humano, e o que fez foi somente adaptar seu corpo à essa realidade, até as últimas consequências.



Eu, Robô (2004), Will Smith é um policial que passa a desconfiar que um robô cometeu um assassinato, o que é proibido pelas Três leis da Robótica. Ele então descobre uma trama na qual um robô foi fabricado com características semelhantes a de Andrew, um robê questionador, que quer saber sobre sua natureza e seu propósito no mundo.

Assim, as histórias de Asimov acabam mostrando que não é a inteligência que define nossa humanidade. É interessante que as máquinas mais humanas são aquelas que perguntam, deliberadamente, sobre o mundo ou sobre si mesmo. Seria então o homem um animal que pergunta sobre si mesmo?



Há ainda mais filmes que buscam mostrar a criação da humanidade em robôs. Um deles é A.I.: Inteligência Artificial (2001), projeto de filme criado pelo grande diretor Stanley Kubrick (criador de filmes como 2001: uma odisséia no espaço e Laranja mecânica), mas que foi executado por Steven Spielberg. O filme relata a história da criação de um robô-criança, com sentimentos humanos, e as implicações disso na vida de uma família que o "adota", buscando suprir a ausência de seu filho doente, congelado esperando uma cura. De acordo com a história, o amor incondicional de David, o robô, foi capaz de criar uma vida imaginária, de abrir seu pensamento ao universo simbólico: David, ao ouvir a história de pinóquio, identifica-se com o personagem, e pensa que se a fada azul da história o transformar em um menino de verdade, este poderá ser amado por sua mãe e aceito pela família.  

Vemos aí mais duas características consideradas humanas: a afetividade, principalmente a capacidade de amar, e a abertura a um mundo simbólico, com múltiplos significados.

Ainda há mais dois filmes recentes sobre isso. 



Her (2013), conta uma sensível história de amor entre um homem e um sistema operacional com inteligência artificial. Já imaginou você se apaixonar por seu Windows? Bem, o filme mostra um programa que experimenta, pensa e sente como um humano. Esse filme é tão impressionante que merece um post somente sobre ele. Mas já adiantamos aqui que, se o teste de Turing mede o quanto a inteligência artificial nos engana, o sistema operacional de Her é perfeito, já que nos apaixonamos por ele.



Trancendence: A revolução (2014), fala não da criação de uma mente humana, na verdade o filme percebe os limites tecnológicos em se criar do nada uma mente, então trabalham na ideia de conseguir copiar uma mente humana. Literalmente, no filme um cientista de inteligência artificial faz um upload de si mesmo para um computador. Uma mente, sem corpo, sem limitações, que pode acessar o que quiser e expandir ao máximo seu poder de raciocínio. O filme explora as consequências de tamanho poder dadas a uma máquina, que não tem as limitações do nosso corpo (uma mente que pode estar em vários lugares ao mesmo tempo, pode processar inúmeras informações, etc).

Bom, ainda há outros filmes que levantam essa questão. Se lembrarem de algo, ou quiserem continuar essa discussão, deixem um comentário.

Abraço a todos!






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