Boas vindas à todos!

Esta é a iniciativa de três professores de Psicologia (e cinéfilos), que passavam horas no whatsapp comentando inúmeros filmes, indicando novas (ou velhas) obras cinematográficas. Buscamos com este blog compartilhar com todos os interessados nossas indicações e opiniões, claro que bastante recheadas de visões psicológicas!


Caso se interesse pelo filme que indicamos, recomendamos que você assista o filme e retorne ao nosso texto, se possível comentando, concordando ou não com nossas opiniões, e claro dando as suas próprias!


Você é bem-vindo a participar com a gente!

sábado, 7 de março de 2015

Xeque Mate



Alguns de meus alunos do atual 4º ano de Psicologia no Centro Universitário onde dou aulas, sugeriram que eu assistisse a um filme chamado "O filho de Caim" (de 2013, de Jesus Monlaó)



Uma de minhas colegas de trabalho sugeriu um outro filme, chamado "Garota Exemplar" (de 2014, de David Fincher)



Assisti os dois filmes em 3 dias.
Ao terminar, me lembrei de um outro chamado "Precisamos falar sobre Kevin" (de 2011, de Lynne Ramsay)



Não sei dizer se as propostas dos diretores se assemelham em algo além das classificações de drama/suspense, mas em meus pensamentos as semelhanças foram tecidas.

Não, não vou abordar teorias psicológicas tampouco destacar as psicopatologias dos personagens. O que quero aqui é falar das relações humanas (bom, aí vamos falar um pouco sim de psicologia..hehehe).

Quem já viu esses filmes ou quem pretende ver um ou alguns dos filmes...chamo a atenção para como as pessoas estabelecem suas relações com o outro. Principalmente como os personagens principais estabelecem suas relações com os outros personagens.

Me chamou a atenção o fato de as relações excluirem um fator importante: parece não existir o outro ou pelo menos não se dá importancia a esse outro enquanto pessoa.

O outro representa o diferente do "eu". Quando nos relacionarmos com o outro percebemos as diferenças (a alteridade), ou seja, aquilo que não sou eu (com outras vontades, desejos, preferências, etc). Nem sempre isso nos agrada, porém, é o outro! Ou deveria ser assim....

Sabemos que o bebê nasce e não sabe o que é ele, o que é mundo, o que é mãe, o que é seio...é tudo uma coisa só. E no processo de desenvolvimento vai se diferenciando, vai percebendo o que é seu, o que é do outro, o que é ele e o que é o outro....isso é desenvolver-se, é constituir-se e para tanto é necessário o outro.

Essa alteridade (o outro) dá condição de existência ao eu também. Afinal, sem o outro eu não existo. Mas é preciso compreender, respeitar e conviver com o diferente. E isso também permite que o eu se consitua de forma mais integrada. E permite que as pessoas se relacionem respeitando as diferenças. 

Parece que nestes filmes (entre outras explorações) há essa ideia de que os personagens não percebem o outro enquando alguém diferente deles, ou seja, com outras vontades, outras preferências, outros desejos, etc e pior "olham" para outro como um objeto ou uma ferramenta parte de sua história, de sua trama e que podem utilizá-la como parte de sua estratégia como se fosse uma peça. 

No filme tais relações entre pessoas (que parece relações entre objetos - também estudada na psicologia em algumas teorias como relações de objetos) em alguns momentos parece relações entre objetos.

Mas levanto algumas questões. No filme os personagens são bastante perversos, mas esse não reconhecimento do outro enquanto alguém diferente ou enquanto alguém que não está ali só pra satisfazer as vontades (como um objeto, uma peça) está muito distante de algumas relações atuais? 
Será que algumas relações que vemos tão próximas da gente não são assim?
Será que em alguns momentos as pessoas "funcionam" assim?
Será que somos objetos de alguém?
Será que alguém nos faz de objeto?
Será que fazemos alguém de objeto?

Pense nisso!
Xeque mate!
Beijo!





Um comentário:

  1. Parabéns pelo Blog, muito bom!!!! Achei as análises muito pertinentes. Tenho certeza que serei assíduo leitor.Tenho uma sugestão, gostaria que vcs comentassem uma filme que achei ótimo, envolvente, ao mesmo tempo intrigante, traçando um paralelo entre dramas particulares e sociais. "Divergente",......lembrando que sua continuação esta chegando agora dia 18 de março nos cinemas, "Insurgente",......fica a sugestão,.....gde abraço,....Alberto

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