Boas vindas à todos!

Esta é a iniciativa de três professores de Psicologia (e cinéfilos), que passavam horas no whatsapp comentando inúmeros filmes, indicando novas (ou velhas) obras cinematográficas. Buscamos com este blog compartilhar com todos os interessados nossas indicações e opiniões, claro que bastante recheadas de visões psicológicas!


Caso se interesse pelo filme que indicamos, recomendamos que você assista o filme e retorne ao nosso texto, se possível comentando, concordando ou não com nossas opiniões, e claro dando as suas próprias!


Você é bem-vindo a participar com a gente!

segunda-feira, 16 de março de 2015

Os 5 filmes que marcaram meu Inconsciente

Bom dia pessoal,

Hoje pensei em listar para vocês os filmes que considero mais influentes em minha vida até o dia de hoje. É claro que todas as listas envelhecem, e que esta talvez mudará demais... mas, por enquanto, os filmes listados aqui me marcaram ou por sua estrutura inovadora, ou pela profundidade de sua história. Enfim, foram filmes que me fizeram pensar bastante. O critério que usei para listá-los aqui foi, talvez, o do meu inconsciente. Isso mesmo. Deixei minha mente vagar por minha vida, pelos filmes que vi, e prestei atenção naqueles que mais voltavam a minha memória. Quando falamos em associação livre, aquilo que se repete constantemente no nosso discurso ou na nossa memória geralmente é um recado de nosso inconsciente, uma marca na consciência de seus processos afetivos. Assim, se algum filme sempre retorna a minha memória, é porque ele mobiliza internamente alguma coisa de minha vida interna. Então vamos lá!



O Fabuloso Destino de Amelie Poulain (2002)

Este filme me marcou de inúmeras formas. A estética das imagens, o cuidado que o diretor (Jean-Pierre Jeunet) teve com cada detalhe de iluminação, a delicadeza das narrativas... Mas o melhor de tudo foi a descrição que o narrador realizou de cada personagem. Esse filme mostra que nossa vida, o que somos, o que nos torna felizes, está nos detalhes mais irrelevantes, mais comuns... Compartilho com Amelíe o singelo prazer de enterrar meus dedos nos sacos de grãos, desde minha infância, e sempre me vêm à cabeça a sensação de cada grão tocando a pele, como se, em conjunto, me abraçassem. Para aqueles que estudam Psicologia, o filme é imperdível, pois nos mostra como muitas vezes temos medo de encarar alguns aspectos de nossa vida, e como a mudança, esmo que seja para nosso bem, nos dá medo, a ponto de vivermos enclausurados na dor cotidiana.

Cidade dos Sonhos (Muholand Drive, 2002)


Para quem gosta de filmes objetivos, com começo, meio e fim, melhor não se arriscarem por aqui. Mas se você gosta de se aprofundar na lógica inconsciente dos sonhos, esse é um prato cheio. O diretor David Lynch é mestre em criar histórias complexas, onde cada cena é, a meu ver, mais um símbolo que a representação direta do que ocorre com os personagens. Mas essa é uma análise superficial. O nome original do filme é Mulholland Drive, uma famosa estrada em Los Angeles. É nela que ocorre um acidente automobilístico, no qual Rita perde a memória, e acaba vivendo com Betty, uma aspirante a atriz. a história é contada em uma mistura de realidade e sonho, duas lógicas que se contrapõe e se misturam. Um dia pretendo analisar o filme através da psicanálise, mas ainda acho que a experiência de assistir é importante. Pouca vezes na vida nos colocamos voluntariamente frente ao que é confuso e obscuro. Entretanto, é aí que temos as melhores ideias.

Akira (1990)


Foi esse anime (animação japonesa) que iniciou nessa arte japonesa. Claro que já tinha visto vários animes em série, como Dragon ball, cavaleiros do zodíaco, entre outros que passaram na TV. Entretanto, o que me intriga são as histórias complexas, onde você tem que pensar muito para compreender a profundidade da história. Essa é uma história de distopia (são histórias que mostram um futuro apocalíptico, o oposto das utopias). Após a III Guerra Mundial, a cidade de Tóquio foi destruída e reconstruída como Neo-Tóquio. Um grupo de pesquisadores estudam os poderes sobrenaturais de algumas crianças, buscando compreender o que havia acontecido anos antes, com um  garoto chamado Akira. O filme mostra uma trama que mistura ficção científica, e explora os possíveis poderes sobrenaturais do cérebro humano. é um tema que muito me instiga, e toda série ou filme deste tipo me marca bastante, e me faz querer estudá-las em cada detalhe. Vale a pena para quem curte o gênero.

The Wall (1982)


Quem gosta de rock progressivo deve conhecer. Já quem não conhece, ao menos já viu algumas cenas, que fazem parte do clipe da música "Another brick in the wall".


O filme é uma opera-rock, como se fosse um grande clipe do disco todo, The wall. O mais interessante é a crítica social e filósofica que o filme faz a nosso estilo de vida contemporâneo, através da história de um cantor fictício, Pink. O filme é atravessado por uma metáfora interessante, a do Wall (muro em inglês). O que é esse muro? será aquilo construído pela sociedade para cercear, para controlar, para limitar nossos desejos e vontades? Será também aquilo que construímos, nós mesmos, para sermos aceitos pelos outros? Creio que os dois. Somos apenas tijolos no muro ("another brick in the wall"), partes de um sistema que criamos e que nos oprime, através da família (vejam a letra da música "Mother"), da escola ("Another brick in the wall"), do casamento ("Don't leave me now"). É um marco na reflexão de nosso atual estilo de vida, vale muito à pena ouvir e assistir!


Moça com brinco de pérola (2003)


Scarlett Johansson É uma atríz cuja beleza está em destaque (seja só na voz, em "Her", ao vivo, como em Lucy ou em "sob à pele"). Mas foi em 2003 que ela me encantou, com uma representação totalmente oposta à da loira fatal, estonteante e poderosa. Nesse filme de Peter Webber, ela é a criada de ninguém menos que Johannes Veermer, um dos maiores pintores holandeses. O filme é inspirado em um livro de Tracy Chevalier, que tenta montar a história fictícia por trás do quadro "moça com brinco de pérola":


Esse filme foi minha inspiração durante toda minha iniciação científica. Esse quadro, para quem olhar com calma, está transbordando de sensualidade. Mas não dessa sexualidade exposta e crua, que vemos hoje em dia. é algo do subentendido, da insinuação, tão sutil quanto o filme. é uma história que achei muito bela, mostrando que há formas de amor que se dão somente nas entrelinhas.

Espero que vocês tenham gostado muito dessa lista. Espero que assistam e se inspirem a deixar comentários sobre o que sentiram. Ah, e não se esqueçam de comentarem suas listas também!

Abraço à todos!



4 comentários:

  1. Ainda não assisti nenhum da lista, mas as considerações deixam a curiosidade na ativa,.........valeu a dica,.......alberto

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    1. São opções bem diferentes, você pode escolher à vontade!
      Abraço!

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  2. O clip do Pink Floyd é mesmo fantástico, uma crítica e tanto.
    E fora ele, de todas as indicações de filmes, eu só assisti o "Amélie", por enquanto. É uma graça, super indico por sua beleza e sutileza; é "deliciante".
    E sabe uma coisa que me chama a atenção? Veja bem, não tenho conhecimentos em psicologia, portanto falo como leiga, mas me impressiona que o personagem do "Homem de vidro" seja o mais sensato, e que seja ele que acaba dando suporte para outros personagens. Afinal, ele é quem tem uma doença real, que limita tanto sua vida. Mas ainda assim ele consegue ser o mais centrado. Acho bacana.
    ...
    Ana Elisa

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  3. Muito interessante sua ideia! É legal perceber que o homem de vidro se afasta dos outros por consequência de uma doença física, mas que Amélie o faz por uma dificuldade psicológica de entrar em contato com as pessoas. E ao mesmo tempo que ela o ajuda, ao estimular a amizade dele com o ajudante da quitanda, ele a ajuda no vídeo que dá todo o sentido a vida dela: "Seus ossos não são feitos de vidro, você pode aguentar os baques da vida". Ou seja, a vida dói mesmo, mas temos condição de ultrapassar seus obstáculos e aproveitar o que ela tem de bom!

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