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terça-feira, 26 de julho de 2016

Desenvolvimento Sexual e Caráter: Monica Geller (Seriado Friends)



Pessoal, estou postando aqui para vocês o ótimo trabalho de análise realizado pelos alunos do 3ºB do Centro Universitário UNIFAFIBE, que se apoiaram na teoria da sexualidade de Freud para analisar o comportamento de Monica Geller, personagem do seriado Friends.

Alunos:  Andreza Spagnol; Bruna Marques Gil; Fausto Lucas; Isabela Pironi; Karla Pineli;
Rodrigo Aquilini.





11.    INTRODUÇÃO

O presente trabalho analisará a personagem de uma série norte americana chamada Mônica Geller. A atriz neste seriado é compulsiva e obsessiva por limpeza e organização. A teoria utilizada para discutir está relacionada com as fases do desenvolvimento psíquico segundo Freud.
Por conseguinte, os autores Fadiman e Frager (1986), através de seu trabalho, citam essas cinco fases do desenvolvimento sexual que foram criadas por Freud: Fase Oral Anal, Fálica período de latência e por último a fase Genital, que corresponde a puberdade e vida adulta.
A Fase Oral representa o momento em que a criança está sendo amamentada pela mãe e seu prazer ocorre durante a sucção. Logo, se amamentação for interrompida, a criança teria algumas atitudes suspeitas e não confiáveis. Já na fase Anal, após receber orientação de seus pais sobre higiene, a criança começa a demonstrar interesse e obsessão pela região anal, chegando até brincar com suas fezes e se orgulhar de sua produção. (FADIMAN e FRAGER, 1986). 
Logo, em seu artigo, os pesquisadores Fadiman e Frager (1986), dizem que a Fase fálica corresponde à concentração da criança em seus órgãos genitais ou na falta deles, é nessa que ocorre o complexo de Édipo, onde a criança se for do sexo feminino, sente “atração” pelo pai e do sexo masculino pela mãe e, além disso, essa etapa do desenvolvimento é de extrema importância para sua vida. Para mais, a fase da latência, segundo o autor, não é um período psicossexual, e sim uma etapa de desejos reprimidos em que a criança os expressam em outras atividades, como por exemplo, estudo ou esporte. Não diferente, na quinta e última etapa do desenvolvimento, correspondente a fase genital, os autores citam que a criança volta sua energia sexual para seus órgãos genitais, só que em relações amorosas, uma vez que essa é a única etapa em que ela está consciente a procriar, buscando meios de corresponder suas necessidades sexuais e interpessoais. (FADIMAN e FRAGER, 1986). Portanto, esse trabalho analisará a personagem que está na etapa anal do desenvolvimento criado por Freud.
Sendo assim, foi analisado entre a teoria e uma série televisa chamada “Friends” de origem norte americana criada por David Crane e Marta Kauffman. O primeiro episódio da série foi lançado ao ar no dia 22 de setembro de 1994 e o último, dia 6 de maio de 2004. A série consiste em 10 temporadas, tendo o total de 236 episódios. A atriz que interpreta a personagem Mônica a ser analisada no decorrer desse trabalho é a Courteney Cox.

2.    OBJETIVOS

·         Apresentar as fases do desenvolvimento libidinal de Freud.
·         Identificar um personagem seja de livro ou televisão, que esteja em alguma das fases libidinais de Freud.
·         Descrever de forma completa a fase escolhida, relacionando com a literatura.

3.    A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO LIBIDINAL E A FORMAÇÃO DO CARÁTER

Freud interessou-se em estudar a sexualidade infantil e sua relação com o desenvolvimento psicológico. Considerou o ato de sugar um comportamento sexual da primeira infância, sendo que, quando este desejo é realizado, a criança sente prazer ou relaxamento. O objeto de prazer da primeira fase é o seio da mãe. Conforme destacam Reis et al (1984), nessa fase se dá a introjeção do objeto amado, no segundo momento dessa fase, o modo de relação com o objeto passa a ser devoração e não mais sucção, querendo ter para si o sujeito, por meio da destruição (mordida), esta é a oral-canibálica.
A segunda fase, denominada por Freud de fase anal, o prazer se encontra no controle (retenção e relaxamento) dos esfíncteres, na primeira etapa o erotismo anal está ligado à evacuação enquanto que a pulsão sádica tem por objetivo a destruição do objeto e na segunda etapa, o erotismo anal está ligado à retenção e a pulsão sádica ao controle possessivo do objeto. Na formação do caráter isso implica nas emoções em como agir em relação ao mundo que se reflete na retenção ou expulsão. Reter dinheiro ou dividir tudo, prender demais as pessoas (medo de se deixar influenciar pelos outros) ou deixá-las livre demais, mania de limpeza ou pessoas analíticas são fixações em uma das etapas da fase anal.
Quando a criança supera a fase anal, entende que as fezes não são algo higiênico e deve ir embora, o objeto de prazer passa a ser a mãe e dá-se início à fase fálica, onde a criança acha que existe apenas um órgão genital, e este é o seu. É neste momento que a criança começa a ter curiosidade a respeito dos órgãos genitais (seu e do sexo oposto) e a sexualidade passa a se encontrar ali, no órgão genital. Esta sexualidade associa-se, estilo, a fantasias de poder mágico, de idealizações imaginárias que desconhecem barreiras, de conquistas que não admitem limites. Segundo Reis et al (1984), é necessário ainda dizer que o falo, por se tratar de um órgão imaginário, possui, na mente infantil, a característica de ser destacável do corpo, transposto, presenteado, retirado, então é nesta fase que surge o complexo de édipo. Em determinado momento, a criança supera a etapa edípica, devido ao amor não correspondido da mãe e o rival, que é o pai. Desde então surge à fase de latência, neste período há uma pausa no desenvolvimento sexual, no sentido de que a libido não se satisfaz a partir de zonas erógenas e sim há uma sublimação e o desenvolvimento passa a ser intelectual. A última fase, ou fase genital, com o édipo já superado e quando as pulsões parciais passam a ser uma pulsão sexual propriamente dita, obtendo prazer a partir do genital de cada sexo (masculino e feminino), atingindo este prazer no ato sexual. A fase genital começa a se desenvolver na puberdade, é o estágio final do desenvolvimento libidinal e o objeto sexual é o outro.

4.    O CARÁTER ANAL

Segundo Reis et al (1984), o caráter anal aparece a partir das transformações que ocorrerem na sexualidade anal nos traços fixos e homogêneos de comportamento. E estudos alegam que Freud mostra que o caráter anal nasce, especificadamente, do prazer infantil na experiência da evacuação intestinal e na manipulação das fezes. Logo, este prazer anal, passa por uma inibição, e através de via sublimação ou via formação reativa, pode vir a aparecer no ato de pintar, ou em uma obsessão por limpeza. Sendo assim, os traços decorrentes dessa fase que se encontram na revisão bibliográfica possuem três características básicas: “ordem, parcimônia ou economia e obstinação”.
De acordo com Reis et al (1984), a ordem ela é expressa através do ato de colecionar, em se preocupar em classificar todas as coisas, o apego e minúcia. Um exemplo é querer manter a ordem da casa através da limpeza de forma exagerada e excessiva, o que constitui um dos traços nítidos esse caráter, se tratando de uma formação via reativa, que se dá com o exagero da limpeza como resultado em combate ao prazer pela atividade anal e ao atrativo pelas fezes, vista como algo sujo. Além disso, a ordem pode aparecer como gosto pela simetria, intolerância pela assimetria, como é o caso de pessoas que tem necessidade de dividir todas as coisas, que tem desejo de estar em paridade com outras. Segundo os autores, se expressa pelo prazer anal segurando e conversando a matéria fecal, e a deslocando para demais áreas do comportamento. Sendo assim, essa pode ser observada na característica da avareza, que constitui em uma economia exagerada, podendo ser tanto de palavras, ao se referir as pessoas que tem medo de se mostrar a outras, quanto à economia de tempo, em que o indivíduo tem pontualidade e exatidão minuciosa. Ademais, a parcimônia pode ser notada nas pessoas que sentem prazer ao guardar bens e coisas, e também na falta de generosidade para com as outras pessoas. Na obstinação Reis et al (1984), afirmam que a retenção é como forma de satisfação anal, contínua ativa no inconsciente. Por conseguinte, esta tem sua expressão através de um prazer em dominar os outros, e ao mesmo tempo, o indivíduo sente medo que o outro faça o mesmo com ele, tendo como característica um indivíduo que quer impor a sua forma sobre todas as coisas. A partir disso, os autores alegam que se pode desenvolver tanto a inacessibilidade e a teimosia, quanto à perseverança e a escrupulosidade. Entretanto, a inacessibilidade e a teimosia podem ser consideradas condutas improdutivas e antissociais, enquanto que a perseverança e a escrupulosidade dispõem de características sociais positivas, desde que o interesse pela forma exterior não ultrapasse a preocupação com o objeto em si, ou seja, contanto que não cheguem a limites de funcionamento improdutivo. Além disso, pode ser observado no caráter anal, outro traço frequente formado pelo hábito de adiar tanto ações, como decisões e conclusões. Ligado a esse traço, está outro lado, que tem como característica interromper toda a tarefa já iniciada. Em contra partida, encontra-se a máxima resistência para se iniciar uma tarefa, e uma vez que esta começa a ser realizada, ela se torna uma obsessão para o sujeito, chegando a escravizá-lo. Logo, essas condutas seriam expressões do antigo prazer infantil em segurar a matéria fecal durante um tempo, para que se tivesse um maior prazer no momento de evacuação. Conforme Merleau-Ponty (1990), os freudianos afirmam que um indivíduo que se encontra no caráter anal, possui características que acabam por trazer modificações na sua fisionomia. E cita Abraham onde o indivíduo na fase anal apresenta as seguintes características:

Ar moroso, expressão de uma satisfação narcísica, acentuação da fossa naso-labial e predominância do lábio superior; o sujeito anal tem o ar de farejar, de suspeitar, de indagar a respeito de si mesmo (caso de um sujeito que farejava suas mãos e os objetos. (Reis et al, 1984, pg.104).

Portanto, o caráter anal possui duas fases: Anal Sádica expulsiva e Anal Sádica retentiva, elas acontecem no desenvolvimento pré-genital, ambas possuem como zona erógena o ânus e como objeto “inicial” as fezes. Entretanto, nas relações de objetos da fase Anal Sádica expulsiva estão o autoerotismo e o amor parcial pelo objeto, que consiste em exterminar o objeto pela expulsão, e na fase Anal Sádica retentiva, se encontra o amor parcial pelo objeto (controlar o objeto – retenção). Logo, nas duas fases se encontra o sentimento simultâneo de ambivalência intenso, de amor e ódio pelo objeto. A fase Anal Sádica expulsiva pode aparecer como forma de satisfação da pulsão parcial no adulto através da homossexualidade, já a fase Anal Sádica retentiva como sado-masoquismo. Ademais, quando a pulsão é inibida o que pode ocorrer na fase Anal Sádica expulsiva é a formação reativa de nojo, ou seja, não suporta sujeira, excrementos, odores ruins, comportamentos de limpeza excessivos, no entanto, na Anal Sádica retentiva o que ocorre é a formação reativa de compaixão, que se inibe o desejo de reter as fezes, aprende-se a doar, a dar ao outro.
Portanto, quando ocorre o controle da inervação motora pela pulsão, o que pode causar em ambas as fases são tiques, e quando há forte fixação dessas fases, as patologias que podem aparecer, na Anal Sádica expulsiva é melancolia (sentimento de culpa e luto patológico pela destruição do objeto), paranóia (entendido por Klein como medo pela vingança do objeto danificado). Já na Anal Sádica retentiva a patologia é o indivíduo obsessivo-compulsivo.
Dentre os traços de caráter relativos à fase escolhida, serão ressaltados alguns, como por espécime o sentimento de unicidade, que se trata da qualidade de ser único e exclusivo, inclusive para os sujeitos anais, apenas o que é produzido e articulados por eles é bem feito, não existem intermédios, escravos de si mesmos e se restringem mediante levantamento de hipóteses  desiguais as que já foram mandatórias por eles mesmos ou pedidos externos com grande empenho. Claramente, a criança quando lhe é solicitada a ida até o vaso sanitário, quando recusada, assemelha-se ao delineamento do caráter anal. Seguindo na mesma linha, outro aspecto relevante é quando alguns indivíduos só dão pertences aos outros quando não lhe são solicitados, quando solicitados são recusados, aparentemente são vistas como atitudes inversas ao natural, mas que analisadas a partir das profundezas mentais,  nada mais é que as fezes fraccionadas da criança, de forma quieta. Esses indivíduos também são donos de posturas insatisfeitas, possuem sensibilidade com relação à emancipação e autonomia, são obstinados ou teimosos. Gosto sistemático e externo por limpeza também faz parte, regras e pureza, porém mais visível do que vivido, trata-se de formação reativa, indivíduos com a roupa limpa por fora e sujos na roupa de baixo, ou casa limpa por fora e dependências sujas, a disciplina é mantida apenas com o que é perceptível, dosados do senso de rigor e possuem tendências a ocuparem-se com o inverso das coisas, direita e esquerda e o ícone principal desta representação é a inversão sexual. São diversos aspectos que se embasam no inverso da vida considerada normal.

5.    RESUMO DA SÉRIE

     O seriado “Friends” relata o dia-a-dia, a vida e a convivência de seis amigos jovens adultos na cidade de Nova Iorque. Dentre esses personagens dois são irmãos, Ross e Mônica Geller. Um deles é amigo de faculdade de Ross, Chandler Bing. Rachel Green é amiga de infância de Mônica, e Ross é apaixonado por ela desde os tempos de escola. Phoebe Buffey e Joey Tribbiani são personagens que não tinham antigos laços com nenhum dos outros amigos na infância, mas acabam se aproximando quando Joey vai morar com Chandler em um apartamento, e Phoebe vai morar com Mônica, no apartamento em frente.
A série começa com Chandler, Mônica, Ross, Joey e Phoebe em uma cafeteria em que frequentaram todos os dias ao longo da série e Rachel entrando com um vestido de noiva, quando reconhece Mônica conta à amiga que fugiu de seu casamento, deixando o noivo no altar e, no mesmo episódio, Rachel que era muito dependente dos pais, convida-se para morar no apartamento de Mônica, já que Phoebe havia se mudado para outra casa recentemente, pois não aguentava mais as manias de limpeza e organização de Mônica, e desde então Rachel passa a morar com Mônica e a trabalhar na cafeteria. Na 3ª temporada Rachel começa a trabalhar no departamento de uma loja de grife e se muda do apartamento de Mônica quando esta convida Chandler, seu namorado para morar com ela.
Ross Geller constantemente tenta dizer a Rachel que a ama desde o colegial, enquanto sua ex-esposa que o trocou para se casar com outra mulher espera um filho seu. Joey é um ator não bem sucedido conquistador. Phoebe é massagista e Chandler trabalha em um escritório de contabilidade, este personagem no final da primeira temporada acaba revelando acidentalmente que Ross ama Rachel e os amigos percebem que ela retribui o sentimento dele.





Mônica Geller, a personagem que será analisada no trabalho, é uma personagem paranóica por limpeza e organização. É uma chef de cozinha e tem um espírito competitivo. Durante sua infância e adolescência, Mônica foi obesa e isso gerou preocupações e neuroses até a sua fase adulta, que é a que se encontra. Todos os amigos se encontram em seu apartamento, pois ela é uma ótima anfitriã, apesar de suas manias de limpeza e organização, que incomodam os amigos. Mônica começa a namorar Chandler na 5ª temporada, no começo os dois tentaram esconder dos amigos e do irmão de Mônica o namoro, mas gradualmente eles foram descobrindo, os dois se casam na 7ª temporada.

6.    DISCUSSÃO

Mônica se encontra no caráter anal do desenvolvimento libidinal e está passando de uma fixação da fase Anal Sádica retentiva para uma fixação na fase Anal Sádica expulsiva, ela oscila sobre as duas fases. Pois esta apresenta mais comportamentos de limpeza que de compaixão. Tendo que, quando a pulsão da fase Anal Sádica expulsiva é inibida, o que pode acontecer é a manifestação formação reativa de nojo, não suporta sujeira, excrementos, odores ruins, e tem comportamentos de limpeza excessivos, o que leva a tiques e quando há forte fixação nessa fase a patologia paranóia pode se manifestar. Justificando o nojo, quando ela ficou sabendo que seu irmão Ross supostamente havia sentado nu em uma cadeira da sua casa, ela imediatamente foi à despença pegar produtos de limpeza para limpar onde ele havia sentado. Logo, também se encontra na fase Anal Sádica retentiva, pois com a pulsão inibida ocorre formação reativa de compaixão, ou seja, vontade de doar, a dar ao outro, sendo que Mônica sempre foi uma ótima anfitriã, sempre gostou de agradar ao outro, certa vez, ela fez bombons e deixou na porta de seu apartamento para que seus vizinhos pudessem pegar quando passassem por ele. E quando há forte fixação na fase, o sujeito torna-se compulsivo-obsessivo, o que ela é por limpeza.  


De acordo com Merleau-Ponty (1990), este caráter anal gera traços de mania de limpeza, ordem, organização, pureza, estes são mais supostos que reais, tem cuidado apenas com o que pode ser visto. Por exemplo, Mônica levava grande parte do dia limpando seu apartamento, não deixava ou gostava de ver nada fora de seu devido lugar, fazia suas visitas comerem na mesa ou voltados para a pia para não derrubar migalhas no chão, brigava Rachel quando esta deixava objetos fora do lugar, quando alguém sujava algo ela imediatamente limpava. Um dia, Chandler, seu namorado, descobriu um armário secreto no apartamento de Mônica, o qual ela nunca deixava ninguém abrir e ele derrubou a porta para ver o que havia dentro, nisso descobriu uma imensa bagunça, vários objetos empilhados e jogados. Mônica viu Chandler presenciando isso e se desesperou, ele disse a ela para não se preocupar, disse que não a amava por conta de sua mania de organização, amava-a apesar disso. Para Merleau-Ponty (1990), esses comportamentos são mais aparentes que reais. 




Mônica tinha comportamentos prejudiciais e inúteis para sua vida. Se esse comportamento não a prejudicasse, não seria um sintoma psicológico, mas como prejudica, são comportamentos sintomáticos que trazem alguma forma de sofrimento. Comprovando que isso é prejudicial, Ross, irmão de Mônica, estava se relacionando com uma mulher que tinha a casa suja, havia até ratos em sua casa, lixo por toda a parte dos cômodos, Ross contou isso para Mônica, e esta não parou de se perturbar com esses pensamentos, até que no outro dia, ela apareceu na casa da namorada de seu irmão com produtos de limpeza, vassoura, rodo, bucha e balde e pediu para a moça se podia entrar para limpar sua casa. Isso deixa claro que são comportamentos prejudiciais e trazem angústia, se fossem comportamentos de deixar tudo limpo e arrumado, mas sem trazer malefícios, não seria sintoma psicológico, seria apenas um jeito, mas da para ver o quanto prejudica Mônica, pois ela gasta muita energia nesse sintoma psicológico, há muita tensão por conta da limpeza e da organização. Outro exemplo, um dia os amigos estavam na sala e havia um sapato de Mônica fora do lugar, a desafiaram a deixá-lo lá até o outro dia, quando ela foi para a cama dormir, não conseguiu e ficou pensando no sapato fora de seu lugar e começou a fazer acordos com ela mesma, pensou em buscar o sapato e o guardar no lugar, mas assim todos saberiam que ela não aguentou, então pensou “e se eu pegar o sapato colocá-lo no lugar e amanhã de manhã, antes de todos acordarem, eu o coloco de volta na sala para acharem que eu consegui deixar ele lá?”. Isso evidencia o gosto pela simetria e também que quem é prejudicado no acordo da formação de compromisso entre o desejo inconsciente e a defesa pré-consciente, é o indivíduo.


Quarto da namorada de Ross, seu irmão.


Segundo Merleau-Ponty (1990), o sujeito anal também se caracteriza por uma idéia fixa de que só o que é feito por eles é bem feito, opõe-se a toda intrusão de outras pessoas, e às regras feitas por ele impostas aos outros. Mônica tinha um espírito competitivo e criava regras o tempo todo até conseguir o que queria. Um exemplo que deixa bem claro a questão de “só é bom o que é feito pelo próprio sujeito” é: um dia Chandler contratou uma faxineira para a casa, quando Mônica chegou, ele disse que tinha uma surpresa pra ele e contou, ela disse a ele: “Por favor, diga que tem uma amante ali e não uma faxineira.” Quando ele limpava algo, ela limpava de novo e não o deixava fazer nenhum jantar, pois não ficaria tão bom quanto o dela. Sujeitos anais também não são dependentes, Mônica não gostava de depender dos pais, tanto que morava fora da casa deles e um dia se recusou a pedir dinheiro emprestado para eles quando precisava. Tem também um senso de exatidão e precisão, alteração de hábitos, algumas vezes enquanto os outros personagens dormiam, ela limpava a casa.
Ademais, Merleau-Ponty (1990), diz que a resistência para não realizar a excreção representa uma síntese do caráter anal, que é a de não dar o que alguém pede só o fazer quando não se pede. Um dia Mônica falou para seus amigos que não faria o dia de Ação de Graças em seu apartamento naquele ano, os amigos insistiram para ela fazer e ela não quis, quando começaram a combinar de fazer em outro lugar, ela voltou atrás e disse que faria em seu apartamento. Mônica dá muito valor à sua autonomia, é determinada, teimosa, é sempre pontual e têm satisfação em dominar os outros. Certa vez, Mônica não queria jogar tênis de mesa por ser muito competitiva, estava resistindo à ideia, quando a aceitou, ficou obcecada em ganhar fazendo que isso a escravizasse.

PS do Professor:

Só para acrescentar, os alunos citaram uma pequena parte do passado de Monica:




             Essa obesidade poderia sugerir uma fixação na fase oral, marcada por um consumo desregrado de comida... Mas porque desapareceu? Nas cenas que relatam sua fase obesa, não há dados para dizer se ela apresentava comportamentos compulsivos. Pode-se sugerir que o excesso de controle, baseado em comportamentos típicos das fixações anais, como analisado pelos alunos, seja uma forma de dar conta desse "descontrole" mais primitivo. Um dia, Phoebe namora um analista que lhe diz: "isso é apenas comida, não amor!", pois ele interpreta sua compulsão como forma de suprir o amor que sente não ter dos pais. Se prestarmos atenção nos episódios no qual os pais de Ross e Monica aparecem, estes mostram ter extremo orgulho do filho, e não mostrar dar importância às conquistas da filha. 

78.    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MERLEAU-PONTY, M. Contribuição dos sucessores de Freud. In: ______. Merleau-ponty na Sorbonne: Resumos de cursos – Psicossociologia e filosofia. Campinas, SP: Papirus, 1990. p. 98-105.

REIS, A. A.; MAGALHÃES, L. M. A.; GONÇALVES, W. L. Personalidade e caráter. In: ______. Teorias da Personalidade em Freud, Reich e Jung. São Paulo: EPU, 1984. (Temas básicos em Psicologia, 7). p. 24-41.


ZIMERMAN, D. E. As fases do desenvolvimento. In: ______. Fundamentos psicanalíticos. Porto alegre: Artmed, 1999. p. 92-95.   

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